conceitos
Dinheiro – Qual o mais popular significado de dinheiro. Para chegar a este significado da forma mais simples poderíamos optar pelo viés negativo: Não tenho dinheiro. Usualmente ao se declarar isso significa não ter qualquer coisa de valor para troca: nem moeda, nem vale transporte, nem ‘ticket’ refeição, nada.[RO1] Socialmente, equivale a não ter qualquer valor ou representação de valor na sociedade. Certa feita, perguntei a minha companheira por vinte anos, contabilista também, o que significava/representava para ela o termo, Dinheiro. Queria a percepção de uma pessoa ao termo. Ela respondeu: – Representa poder. Poucas palavras e imenso conteúdo. Reflete esta representação muito do que ouvimos no dia a dia: Poder de Compra, Poder Aquisitivo. Ter dinheiro representa poder comprar, representa poder adquirir bens e serviços necessários ou supérfluos. Não ter dinheiro passa então a sensação de impotência. Passa a sensação popular de ‘ser nada’ e não de não ‘ter nada’. Podemos então conceituar aqui que: Dinheiro é a representação de qualquer valor[RO2] para aquisição de bens e serviços existentes em qualquer Mercado.
Moeda – Muitas podem ser as definições sobre moeda, entretanto, vamos à origem dela. “À semelhança do contrato e da propriedade, a moeda é instituto jurídico.” (Sérgio Sérvulo da Cunha em apontamentos sobre Moedas Alternativas). Em outras palavras: A moeda nasce, com o Estado, para criar uma referência de valor quantitativamente representado e aceito entre os que compartilham este espaço social nas relações econômicas de trocas. E, será ‘real a moeda’ se for entendida como a instituição de um padrão de valoração de bens, de serviços num sentido amplo e contemple um sistema econômico de produção e distribuição, objetivo quanto as necessidades básicas do mercado e subjetivo quanto a aplicação de reservas ou utilização do capital excedente. De outra forma a ‘moeda’ padecerá de valorações apenas subjetivas e não atenderá às necessidades da sociedade. As disputas políticas entre detentores dos fatores de produção Terra – Capital – Trabalho, provocaram na linha da História a evolução das teorias econômicas e valorações de cada um destes fatores como ‘principal’ para o desenvolvimento humano. A moeda, como uma instituição jurídica institui o valor a se atribuir a cada um destes elementos. Tal valor é representado pela moeda. Na era pré-industrial valia mais a Terra (propriedade e bens acumulados) que eram representados por ‘mais moeda’. Na era da revolução industrial, até mesmo para justificar uma nova valoração e transferências de valores representativos da riqueza produzida, ‘mais moeda’ foi transferida para detentores de Capital (reservas de moeda e ou de bens de produção como maquinários). Desta forma, o Capital empregado gerava ‘mais moeda’ do que a simples existência dos bens representados pela Terra (propriedades em geral). O reconhecimento de fatores de produção propostos por Jean Baptist Say (1767-1832), economista francês, secundado por Adam Smith que deu maior visibilidade ao tema através do livro Riqueza das Nações não conferiu ao Trabalho um posto de equivalência e dignidade que hoje ele detêm em qualquer Economia. A falta de uma efetiva valoração do Trabalho é causa do desequilíbrio dos Mercados e da Economia nas comunidades em que o Trabalho é mero Custo de Produção e não elemento representativo do Universo do Mercado como Consumidor. Este conceito é o cerne do projeto e será complementado adiante. Hoje a moeda representa quase que fundamentalmente Capital e privilegia a propriedade e a posse em detrimento dos demais fatores de produção influindo negativamente na expansão do Mercado de Bens e Serviços sejam eles necessários ou supérfluos, mas sempre determinantes da Riqueza Coletiva.
[RO1]Numa sociedade em que o Capital, que normalmente representa para as pessoas Dinheiro Disponível e este mesmo Capital determina os valores sociais, não ter dinheiro leva os indivíduos à baixa estima, à marginalização e à exclusão social.
[RO2]O termo valor é mais apropriado do que o termo poder e, usualmente, na linguagem popular o que tem valor, tem poder.