BitBem – A Moeda Social Virtual

Ricardo Oliveira (10 de agosto de 2021)

A história da moeda e tão antiga quanto a história da civilização humana.

Vale a pena, para argumentação e educação, apresentar alguns aspectos básicos de referência de um padrão que a sociedade criou para possibilitar trocas de bens e serviços produzindo assim o desenvolvimento social, naquele tempo, naquele lugar e para aquela comunidade.

1. A referência padrão é – A Moeda -um valor que todos reconhecem num determinado grupo de indivíduos.

2. Com o desenvolvimento do comércio local, regional ou internacional, as moedas podiam estar representadas por posses de bens de consumo, produtos, especiarias que, trocados por outros bens ou serviços, permitiam que aqueles que trabalhavam e seus dependentes pudessem se alimentar e garantir assim uma vida um pouco melhor para suas famílias.

3. Com a organização social e disputas territoriais, as comunidades começaram a se organizar e, iniciou-se então a construção de governos que, com o tempo virariam Estados.

4. O discurso de imaginar uma sociedade com menos Estado, que vemos alguns proporem é desconhecer o desenvolvimento da Economia, do Direto, e da Assistência Social que garante a sobrevivência de qualquer grupo na Sociedade.

Então, podemos fazer um breve resumo que todos deveriam aprender já nos primeiros anos de um processo de socialização que a escola proporciona para a Humanidade.

Vamos lá então.

Da época das cavernas reais, até nossos dias, a humanidade uniu os esforços da Terra, aos esforços do Trabalho que por sua vez gerou riqueza que com a Tecnologia (criações e máquinas) gerou o Capital que é o resultado do esforço coletivo e não de uma valoração arbitrária qualquer.

Toda Economia que se diz organizada sabe que: moeda não e capim e não dá em árvores. E, nestas Economias Estruturadas, para interesses de poucos, geralmente, os capitais acumulados não são premiados por concentração ou juros. Eles precisam ser aplicados em atividades econômicas, ou seja, na produção e consumo de bens e serviços.

Não existe árvore de dinheiro, nem árvore de felicidade. No entanto, a ideologia capitalista promove todo tipo de propaganda defendendo que o resultado do esforço de produção deve premiar uns e declarar outros condenados a uma servidão que beneficiou no passado os que exploraram o trabalho humano até a morte dos escravizados.

Se no Brasil de hoje ouvimos elogios à Economia Norte Americana é por termos aqui muitas pessoas que, ao invés de pensar, adotaram o perfil de “bichinhos de estimação” daqueles que exploram a boa-fé do ser humano.

Balançam o rabo, miam, assobiar e até pastam pelos campos, “como ovelhas ou gado”, silenciosos e “felizes” porque sabe que irão morrer, mas que morrerão gordos e bem alimentados.

É nessa parte que entra a figura do Estado como garantidor da ordem jurídica, da ordem social e da ordem econômica. E a Moeda como a representação de valor deste Estado.

Nas nações que foram dizimadas pelas guerras. Nas nações que sempre saquearam o Mundo, seja através de “seus piratas de estimação”, ou através de conquistas de territórios e na exploração da escravidão de outros povos, os seus governantes sabem que o “juros” e concentração de Capital na mão d poucos não permite desenvolvimento. Então, por ideologia buscam explorar este “golpe financeiro de Capital” – o “juros” e “variações cambiais” – em comunidades carentes ou Estados.

A ideologia do “capitalismo” não tem nada a ver com o desenvolvimento econômico de qualquer Estado ou pessoas. É apenas uma justificativa “divina” ou nem tanto divina para justificar concentração de Bens nas mãos de poucos que substituem, de certa forma antigos reis, rainhas ou donos feudais ou tribais.

Um empresário ou pessoa pode ser tão “capitalista” tanto quanto um “miliciano” que explora a intimidação e o crime. São concentradores de moedas e de “representação” de Poder.

Aqueles que defendem esta ideologia, então, criam propaganda e disseminam uma imagem de um Mundo Virtual no qual “algumas pessoas”, por mérito ou sorte ou, por ambas razão, são “premiados” com o que tiram dos outros para estas como modelos de sucesso individual.

Não é uma ação aleatória e sim, uma ação sistêmica e processada para modelar uma cultura para que as pessoas aceitem e assumam sua impotência sem dar asas à imaginação. O cinema norte-americano produziu isso desde “sonhos de cinderelas”, “damas e vagabundos” de Walt Disney até “papai sabe tudo” e seriados de faroeste romantizando o extermínio de seus índios e guerras em que o inimigo tinha, predominantemente uma ideologia de distribuição de renda e modo de vida diferente do “american way of life”.

O que diz sobre isso a Wikipédia? “American way of life é o estilo de vida americano que foi propagado a partir do período entre guerras e se fortaleceu após a Guerra Fria. Até hoje é um parâmetro de comportamento para os Estados Unidos da América e expressa o nacionalismo criado no século XVIII, que tinha como princípios a liberdade, a busca pela felicidade e a crença dos direitos a vida.”

Pois é: “American way of life é o estilo de vida americano… que tinha como princípios a liberdade, a busca pela felicidade e a crença dos direitos a vida.” A “beleza (norte) americana” cuida na linguagem porque sabe que a maioria não lê corretamente os tempos verbais ou o contexto que criou e o que resultou de um processo de aculturação nacional e internacional. Diz bem o recorte de Internet: “que tinha como princípios“. Tinha, mas não teve na verdade e tampouco tem no tempo atual estes princípios. A História é testemunha de que estes American “way of life” representa para os negros norte-americanos, para os mexicanos – vizinhos próximos de quem foi tomado o Estado do Texas – e com os quais se criou uma fronteira com um novo “muro da vergonha”, assim como o que resultou dos seus índios nativos.

O mesmo padrão foi adotado para o “World Capitalism Lifestyle” que explorou – e ainda explora a África, a América Latina e a Ásia com este mesmo discurso de concentração e exploração do outro para poucos no Mundo.

A pandemia Covid-19 veio tirar um pouco o que na Índia se diz o “Véu de Maya”. Aquela zona de névoa e distorção da realidade que muitos não conseguem distinguir.

A Economia, sob uma ideologia “capitalista” de concentração se viu em colapso pois num repente não se tinha de quem tirar mais para manter as concentrações e justificativas funcionando.

O planeta foi instado a criar alternativas para, pelo menos manter o possível para a sobrevivência e buscar soluções para superar esta nova crise, desta vez não gerada de forma artificial em busca de conquistas territoriais e políticas.

O Mundo inteiro começou a falar, novamente, na Renda Básica Universal. Assunto em pauta como diz frequentemente o ex-senador Eduardo Suplicy, desde Thomas More em sua obra: Utopia.

Não nos falta, portando, caminhos, ideias ou opções. Falta transpor a retenção/contenção que a ideologia “capitalista” produz para manter a sociedade em “cativeiro pleno” ao invés de “vida plena” e uma participação social de todos naquilo que todos produzem para sobreviver e ter uma qualidade de vida mínima, no mínimo.

O que as mídias começam a destacar pós-Covid-19?

Mais do mesmo. A volta da Economia “capitalista” de transferência de renda de quem tem para quem tem e quer mais através de fórmulas de ganhos de capitais através de aplicações em “criptomoedas”, em compra e venda de ações maquiadas em Bolsa de Valores 24 horas ao dia.

Enquanto a  BM&FBOVESPA, geralmente, começa às 10h e termina às 17h (horário de Brasília), as mesmas ações aqui já estavam em negociação desde a 19:00 do dia anterior. Antes mesmo do JN dar as notícias “dos valores do dia e perdas e ganhos de capital” a bolsa de Hong Kong, que funciona das começa às 19h e termina às 05h (horário de Brasília no dia anterior e atual) já negociava papéis/ações da Petrobras e outras empresas brasileiras criando o tal “mercado falso e manipulado” para que os brasileiros “não capitalistas” alimentem o “mito do ganho sem trabalho”.

Isso se repete, diariamente, em todas as bolsas: New York Stock ExchangeNASDAQTokyo Stock Exchange Shanghai Stock ExchangHong Kong Stock ExchangeEuronexBombay Stock Exchange entre as mais famosas. Para que o JN diga as 20 horas de um final de dia, no Brasil, que a Petrobras ou Magalu ganhou milhões de reais em valorização de seus papeis nas Bolsas de Valores.

Tudo isso determina o custo do petróleo, dos alimentos, dos minérios, da sobrevivência e da Vida no Planeta e o destaque é apenas para “truques tecnológicos” que dão aparente credibilidade a investimentos que, em si, representam apenas um desejo que seja real embora saibamos todos que é apenas uma farsa “do capitalismo” porque nenhum trabalho e tampouco nenhum bem foi agregado, de fato, ao empreendimento.

Já no caso mais específico das “criptomoedas” há um desafio maior que se assemelha a viver, no espaço sideral, sem os efeitos da gravidade terrestre. Impossível para o corpo humano manter a forma e sobreviver neste ambiente hostil. As “criptomoedas” não existem sem o Estado e o discurso de não estar “sujeito a esta regra” cai por terra em se configurar, toda a referência das “criptomoedas” à moeda norte-americana o Dólar. O valor referência, me perdoem os que discordem e tentem sustentar “outras teses” se fixa na relação entre elas.

“Uma unidade monetária de bitcoin nada mais é do que um apontamento contábil eletrônico, no qual são registrados a conta-corrente (o endereço do Bitcoin ou a chave pública) e o saldo de bitcoins em dado momento.” (https://www.infomoney.com.br/…/dez-formas-de-explicar-o-que-e-bitcoin 24/01/2014.)

Evolução Bitcoin – 2010-2021 (https://www.buybitcoinworldwide.com/pt-br/preco/)

O gráfico acima mostra, com clareza que o capitalismo vive de crises que ele mesmo cria ou que resultam de efeitos da Natureza – secas, inundações / escassez ou fartura – com um simples propósito de concentrar renda. Ele não é alguém real. É apenas uma ideologia que – ao invés de comer criancinhas e tirar posse de uns – apenas tira seus bens e oportunidades vendendo sonhos e ilusões para poucos realizarem e muitos pensarem ser o que não são e gostariam de ser. “Capitalistas” dentro de um conceito criado para exploração do trabalho e recursos de todos de forma consciente ou mesmo sem ter qualquer noção de seu papel na escravidão e escravização da humanidade. O “capitalismo” não tem qualquer interesse na economia ou na Vida das pessoas ou no cuidado com o Planeta.

Qualquer um pode observar, porque o gráfico é um desenho de dados. O que se destaca é uma Pirâmide “financeira” em que valores sobem ao topo enquanto a base que a sustenta, sustenta-se em ilusão de algo que ora existe e ora deixa/deixará de existir.

Dizer que a “criptomoeda” é inviolável, é um valor descentralizado de governos, tem “vida própria” e “rendimento próprio”… O que parece para qualquer leigo diferente do que representa este valor digital/virtual do que a própria Vida?

Por algum acaso da Natureza, do Poder, estas alegações de “valor” possuem alguma diferença em relação à Vida? A Vida não é um bem inviolável socialmente, descentralizado como indivíduos, não possui seu movimento próprio de respiração e circulação? Não consome e produz energia mecanicamente e de forma mais segura do que “minerar bitcoins” para ter resultados?

A analogia aqui feita marca o inconsciente coletivo popular e quase a totalidade das pessoas (excluem-se os oportunistas capitalistas) não percebem o jogo e a destruição ambiental e social que ele cria.

Estaríamos, estaremos ou estamos então condenados a um moto contínuo de frustração, privação e desespero como sociedade e como indivíduos?

A resposta é não. Entretanto precisamos entender da guerra, não para vencê-la necessariamente, mas para saber enfrentar os desafios propostos por aqueles que através de artes e de manhas tentam nos destruir ou incapacitar como indivíduos que poder determinar seus próprios destinos.

A proposta que defendo é a construção de uma Economia participativa onde 212 milhões de brasileiros estejam incluídos e participando deste empreendimento. A gestão do Estado Brasileiro como uma grande empresa de Sociedade Anônima com 212 milhões de acionistas e não como algo alheio ao povo brasileiro sendo gerenciado por elementos que apenas fraudam, esta “grande empresa”, sob os mais variados discursos de mérito ou de representação.

Ah… E para fazer circular a produção, os serviços e funcionar toda a gestão administrativa, social e financeira não há como fazer uma mágica, entretanto, temos a possibilidade – em alguns lugares até o funcionamento – de moedas sociais.

Uma moeda social é diferente em conceito e aplicação das ‘criptomoedas”.

“Criptomoedas” é o capitalismo aplicado na sua versão mais futurista de exclusão social e concentração de renda .

A Economia Participativa propõe moedas sociais e virtuais em circulação para distribuição de renda e com a circulação teremos um aumento da atividade econômica que se realiza através da troca de bens e de serviços pessoais e coletivos produzindo o “Bem-Estar Social” que é a proposta que a Humanidade defende para todos.

O BitBem é a proposta que eu defendo e espero que ela seja uma semente que germine a transformação e uma esperança para o Brasil. Um país de todos e para todos e não um país de exclusão, de discriminação, de exploração.

Que o Brasil se transforme, no Presente, em um “presente” para todos que precisam de uma Renda Básica Universal para realizar a Vida.

2 comentários em “BitBem – A Moeda Social Virtual

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